Os maiores problemas da educação tradicional: Punição e Recompensa

Para educar o outro é preciso educar-se. Entenda porque punição e recompensa não ensinam.

Profundo né?

E para iniciarmos esta autoeducação precisamos entender e conhecer quais são os maiores problemas da educação tradicional, educação que a maioria de nós recebemos. E se não nos educarmos, repetiremos a educação que recebemos. É isso o que desejamos?

Perceba que não há problema na educação que recebemos, (mais ou menos, ne?), mas devemos levar em consideração toda a evolução que estamos passando, e é nosso dever aproveitar esta evolução e darmos uma educação melhor aos nossos filhos.

Punição e Recompensa. São as melhores opções?

Entenda por que a punição e a recompensa podem trazer prejuízos a longo prazo.

Nosso objetivo como pais deve ser educar futuros adultos de sucesso, e não crianças bem-comportadas.

Quando estamos educando os nossos filhos, devemos nos perguntar:

– O que estamos ensinando a longo prazo?

– Quais são as crenças e valores que esta criança está aprendendo?

Entenda que as recompensas funcionam porque ela ganha algo.

E as punições funcionam porque ela tem medo.

As duas situações funcionam? Pode ser que sim, mas você percebe que ambas são fatores externos de controle? Ela reage ao ambiente, e não ao seu interior.

O adulto de sucesso tem valores e princípios. Internamente ele sabe o que quer, entende o que é certo e errado e se comporta em prol desse senso interno. Independentemente de quem esteja ao lado ele age de acordo com quem ele é, e não de acordo com o que acontece externamente. O mundo interior o manda fazer o que é o certo, ele age em prol do que é correto, daquilo que ele acredita ser o melhor.

A punição e a recompensa são fatores de controle externo. A criança reage ao ambiente, e não ao que ela deseja.

E um dos problemas da punição, é que ela não tem relação direta com a situação, normalmente é usada para retirar privilégios. Por exemplo: Não guardou brinquedo, vai ficar sem tv.

O que uma coisa tem a ver com a outra? Nada. Não tem relação com o fato em questão.

Se você retira um privilégio de um adulto por ele ter feito algo que não deveria ter feito, ou fez diferente, é desrespeitoso, com a criança é normal.

E mais do que isso, o que você ensina para a criança?

Se ela não guardou os brinquedos, e ficou sem televisão, o que ela aprendeu com isso?

Pode até ser que a criança, por medo de perder alguma coisa, guarde. Mas é realmente isso o que você quer ensinar? E o dia que ela não quiser assistir televisão? O que vai acontecer com os brinquedos? Quem vai guardar?

Relação de Causa e Consequência

Ah, mas eu não uso punição. Uso relação de causa e consequência.

Será mesmo? As consequências se tornam punição facilmente.

Se você exagera na consequência, restringe ou acrescenta pequenas doses de humilhação, tais como: mais uma vez? De novo? Você não aprende? Isso desperta o desejo de inadequação e se torna punição.

As consequências que realmente ensinam as crianças, são as consequências naturais, são as que tem a relação de causa e efeito sem punição.

Se não comer, fica com fome. Se não colocar o casaco, pode ficar com frio.

Só que o cérebro da criança não está desenvolvido o suficiente para analisar todas as consequências dos seus atos, então, tem situações que precisamos intervir e não permitir que a consequência natural aconteça. Você não vai deixar a criança sair sem agasalho em um dia chuvoso e frio.

Portanto, use com sabedoria e moderação.

Recompensa

Tá, mais e qual o problema das recompensas?

Assim como a punição, a recompensa é um fator externo.

Quando há uma recompensa envolvida o foco se volta para a recompensa.

A criança deixa de julgar a ação ou o comportamento e passa a julgar a quão boa é a recompensa, ou não. Ela ainda não tem o senso crítico desenvolvido. Ela foca exclusivamente no que ela vai ganhar com aquela tarefa. Não desenvolve o senso crítico. E por quanto tempo você acha que isso vai se sustentar?

Será que na adolescência você vai conseguir suprir os desejos em troca da colaboração?

O que satisfaz a criança de hoje, não vai satisfazer o adolescente de amanhã. E como você vai conseguir lidar com o seu filho? Com isso, a criança não desenvolve o senso interno de valor. As recompensas tiram o prazer da recompensa inata da própria atividade. Arrumar a cama e ter a satisfação de ter uma cama arrumada. Organizar os brinquedos e ter a satisfação de poder encontrá-los sempre que quiser brincar.

A recompensa pode direcionar a criança para um desvio corruptivo. Dada as devidas proporções, qual a diferença entre: toma esse chocolate para você ficar quietinho e toma esse dinheiro para você ficar calado? Percebe que os conceitos e crenças que estamos formando na criança quando damos recompensas por algo que ela deveria fazer?

As crianças têm o desejo de fazer o bem, de forma inata.

Nossa necessidade de recompensar o bom comportamento pode acabar com o altruísmo. Tira o foco da bondade que ela já tem e a focar no que ela vai ganhar em troca.

O Cantinho do Pensamento.

Ah, mas pelo menos o cantinho do pensamento eu posso usar né?

Mais ou menos…rs

Se você o cantinho do pensamento como uma forma de punição ou castigo, não.

Deixar a criança no isolamento, físico ou não, porque ela pode estar ao seu lado, mas você não está falando com ela, é isolamento, é punição.

Não temos o poder de controlar o pensamento de ninguém, nem mesmo dos nossos filhos. Será que se você colocar ele no cantinho do pensamento ele realmente vai pensar no que pode fazer para agir melhor?

Se você já ficou de castigo, tenta lembrar o que aconteceu. Eu, só conseguia remoer a atitude dos pais, pensando o quanto eles estavam sendo injustos. Todo mundo que faz alguma coisa, faz por algum motivo. Sejam eles justos para os outros, ou não.

O cérebro da criança não está formado para fazer essa relação de causa e consequência. Imagina colocar uma criança de 3 anos para pensar por 3 minutos no que ela acabou de fazer?

Colocar a criança em isolamento, a diz que: quando você agir negativamente, ou de uma forma que eu não concordo, você está sozinha.

Agora, imagina isso na adolescência ou na vida adulta. Será que ele vai querer os pais por perto? Ou será que ele já vai ter internalizado que quando erra os pais ficam distantes?

Mas e o que eu faço então? Se eu não posso recompensar e nem punir?

Antes de pensar em como resolver, entenda que por trás de cada mal comportamento existe uma causa. E ele só vai ser resolvido quando esta causa for solucionada. Tenha sempre um olhar investigativo para saber o que está por trás do mau comportamento do seu filho.

Alternativas para evitar a punição

  • Pausa positiva: Na inundação emocional não é o momento de resolver os conflitos. Respeite o momento da criança chorar e extravasar. Depois que ela se acalmar, converse. Para crianças até os 3 anos, normalmente só esta pausa já resolve. E serve também para os pais. Se você perceber que está prestes a perder o controle, se for possível, saia de cena. Se não for, respire fundo e conte até 10.

  • Lúdico: Entre no mundo da criança. Tire o racional de cena e coloque a fantasia. Traga a alegria para os momentos de responsabilidade, torne isso o momento de vocês.

  • Dê escolhas de maneira firme e gentil: Tire da situação que está gerando conflitos e proponha escolhas.

  • Escolha o que, você, vai fazer naquele momento: você não consegue forçar ele a fazer alguma coisa, mas você consegue controlar as suas ações e emoções. Você pode estabelecer os seus limites.

  • Foque em solução: todo comportamento tem consequências. Objetivo é que a criança entenda que ela precisará solucionar as consequências, sem sofrimento. Ensinar a perceber o que o comportamento causou no outro e como ele pode resolver. Você pode oferecer ajuda, mas sempre reforçando que ela consegue, que você confio nela.

  • Cantinho da Calma: Junto com a criança vocês irão escolher um cantinho da casa que ela vai colocar coisas que podem ajudar a acalmá-la. Pode ser um livro, uma música, papel e lápis, uma almofada para gritar, ou até bater, se ela sentir vontade. E você não vai obrigá-la a ficar lá. Vai apenas lembrá-la que ela pode ir para o cantinho se acalmar.

Entenda que nenhuma dessas alternativas irá funcionar se o vínculo com a criança não estiver bem estabelecido. Conecte-se com o seu filho antes de usar qualquer uma dessas alternativas, para entender o que ele fez e porque fez. E boa sorte!

Ah, e se precisar, conte comigo.

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