Plano de Parto
O plano de parto é um documento que a gestante deixa registrado por escrito todas as vontades em relação as etapas do trabalho de parto. É como a gestante espera que o seu parto seja conduzido e como deseja que o seu bebê seja tratado. O que quer e o que não quer que aconteça. E quem você quer ao seu lado.
Uma das coisas que mais fiz durante a minha gestação foi idealizar o momento do meu parto. Inclusive desejando que ele fosse bem rápido…rs
Eu salvei uma lista de músicas para ouvir durante a gestação, as músicas que mais me acalmavam. Normalmente a noite ou durante o banho eu as escutava e imaginava como eu queria que o meu parto acontecesse.
Mas não adianta apenas sonhar embaixo do chuveiro! É necessário formalizar este desejo para que ele aconteça e sua vontade durante o momento que esteja no hospital seja respeitada.
Mas lembre-se que o plano de parto é valido em uma situação em que ocorra tudo bem com a mãe e o bebê. Caso necessário o médico poderá tomar medidas de emergência.
O código de ética proíbe que o médico faça qualquer procedimento sem a prévia autorização da mulher. Quando você tem um plano pessoal protocolado, você está avisando o que quer e o que não quer que seja feito.
O plano de parto é uma garantia para a mulher, pois, além de prevenir a execução de alguns procedimentos contra a sua vontade, ele também é uma prova legal de que algum procedimento foi realizado sem consentimento.
A única coisa que o hospital pode fazer para não cumprir o Plano de Parto é comprovar que o procedimento realizado no corpo da mulher foi necessário para salvar vidas. Se não for possível comprovar o procedimento médico como um ato para salvar as vidas, trata-se de um caso de violência obstétrica e a mulher pode entrar com uma ação judicial além de reclamar na Secretaria de Saúde.
Se você tiver uma doula, ela pode te orientar para elaborar o seu.
O Plano de parto é a o documento que exprime a vontade da gestante, então ninguém melhor do que ela para saber como quer ser tratada.
O pai também pode participar deste processo.
Aqui sempre decidimos tudo juntos, a minha vontade sempre foi respeitada, mas todas discutidas. Em relação a como eu queria o parto, posição e analgesia, não havia como o pai influenciar na decisão. Mas já sobre os primeiros cuidados com o bebê, foi conversado com o pai. Até porque, um dos itens que algumas gestantes costumam colocar no plano de parto é sobre o clampeamento do cordão umbilical, que alguns pais fazem questão de cortar, e no meu parto, eu quis cortar o cordão.
É uma forma de deixar clara a comunicação do que a gestante e o futuro pai esperam da assistência, como também revela que estão minimamente informados sobre os procedimentos feitos no parto e que não gostariam de ser tratados com intervenções de rotina, mas sim com cuidado individualizado e apenas recebendo intervenções se realmente forem necessárias.
Fazer um plano de parto é muito mais do que pegar um papel e caneta e anotar as suas vontades.
É legal poder ouvir uma música que te relaxa, estar em um ambiente climatizado, com uma luz natural, ou penumbra, se assim você preferir.
Tomar banho, poder se alimentar, se movimentar a hora que quiser e como quiser, podem parecer coisas simples, mas na hora do trabalho de parto, se as suas vontades não forem respeitadas, isso pode te deixar desconfortável e atrapalhar o trabalho de parto.
Não estou dizendo que sem isso o parto não acontece. Mas se a sua vontade não é respeitada, atrapalha o clima do momento.
E mais do que o bem estar físico, o plano de parto te resguarda para evitar violência obstétrica.
Hoje não é mais necessária a episiotomia, por exemplo, então é algo que você pode deixar registrado no seu Plano de Parto.
E os primeiros cuidados com o bebê?
Você sabe quais são?
Se não sabe, não deixa de acompanhar os próximos posts.
Em breve irei contar cada detalhe do que é feito com o bebê ao nascer.
O plano de parto é só o começo do que está por vir.
Se tem alergia a algum medicamento, deixe registrado no seu Plano de Parto, de preferência em letras maiúsculas e em negrito.
E por falar em letras maiúsculas e negrito, o plano de parto não precisa ser um documento digitado. Você pode escrever o seu plano, desenhar, pintar…
O importante é conter o seu desejo.
Anote o nome de quem vai estar ao seu lado durante o parto. Pode ser o pai do bebê, o cônjuge, a mãe, o pai, quem você quiser, ou se não quiser ninguém, está tudo bem também.
Aqui eu sempre falei, se não for o pai, não quero mais ninguém (além da doula, é claro). A pessoa que vai estar ao seu lado tem que te passar segurança e tranquilidade.
Infelizmente, nem todos os hospitais dão autonomia e liberdade para a mulher durante o trabalho de parto, então para se resguardar anote se quer andar, comer ou se movimentar.
Agora vou falar sobre alguns itens que são considerados violência obstétrica:
– Raspagem dos pelos pubianos para o parto – você tira caso se sinta confortável sem;
– Episiotomia – há partos em que não há nem laceração, que foi o meu caso, então cortar para evitar um corte, não faz sentido;
– Empurrar a barriga para “ajudar” o bebê a nascer – Manobra de Kristeller, danosa à saúde e ineficaz;
– E falar para a gestante fazer força durante o parto – puxo dirigido, o corpo da mulher sabe a hora certa de fazer força, não precisa ser guiado.
Os cuidados com o bebê também merecem atenção especial na elaboração do plano de parto.
O bebê passou 9 meses dentro de um lugar quentinho, escurinho e apertadinho. Quando ele nasce é tudo muito diferente, muito novo. O ambiente vai estar mais frio, mais claro do que ele está acostumado.
Então se pudermos aproximar um pouquinho que seja do que ele tinha no útero, ele vai se sentir mais confortável.
Ah, mas se você não conseguiu deixar o ambiente mais escurinho e quentinho, fica em paz, isso não vai afetar o futuro do seu bebê. Mas naquela hora, naquele momento, vai dar um pouco mais de conforto e segurança para ele.
Se ele puder ir direto para o seu colo mamar, ótimo! É tudo o que ele mais quer! Já viu aquela imagem do bebê que nasce procurando o seio da mãe? É bem isso. Alguns vão com mais facilidade, outros com menos, mas o importante é deixar o bebê pele a pele com a mamãe após o nascimento!
E se possível, realizar os procedimentos enquanto o bebê mama.
O meu plano de parto!
Eu usei o plano de parto da @mamademaeparamae para me inspirar a fazer o meu plano de parto.
Ela teve um parto domiciliar maravilhoso, mas o plano B estava traçado, caso precisasse ir para o hospital!
Eu quis um parto totalmente natural, sem qualquer tipo de intervenção ou analgesia.
Ouvi de muitas mães, que na hora da dor, elas acabavam pedindo pela cesárea. Eu deixei avisado para o meu marido: se eu pedir uma cesárea, não deixa! Só se a minha vida ou a vida da Letícia estiver correndo risco. Se não estiver, não deixa. Inclusive eu o informei quais eram as situações reais que indicavam uma cirurgia.
Me senti vitoriosa por não ter sugerido uma cesárea durante o trabalho de parto.
Tive a liberdade para andar, beber, água, me movimentar, tomar banho, sentar, gritar! Nossa, eu gritei muito! Fiquei até rouca…rs
Sabia que em alguns hospitais a gestante é hostilizada se faz muito barulho na hora do parto? É um absurdo! Então, até isso é bom colocar no seu plano de parto.
E LEVE O PLANO DE PARTO JUNTO COM OS DOCUMENTOS!
Eu esqueci o meu no dia do parto. Estávamos bem alinhados com a @equipedoulamar que nos acompanhou durante todo o processo, então não tive problema.
Assim que chegamos no hospital, puncionaram a minha veia e colocaram soro fisiológico (protocolo do hospital). Eu não queria deixar, mas a doula conferiu se era somente soro e aí eu deixei. Porque eu não queria nada que interferisse no meu parto.
Meu parto saiu exatamente como eu desejei, sonhei, planejei e escrevi no meu plano de parto. Mesmo não tendo levado no dia.
Se o hospital respeita a gestante as vontades dela, o plano de parto pode não fazer tanta diferença assim.
Mas se alguma coisa sair fora do planejado, o plano de parto resguarda a gestante. E ela pode ingressar com uma ação contra o hospital.
Esta ação vai amenizar a dor ou sofrimento? Não. Mas pode impedir que outras passem pela mesma situação.
Quanto mais violência obstétrica for denunciada, menos chance isso tem de acontecer.
Hoje os hospitais estão mais voltados para a humanização do parto, mas não são todos, e eles não são 100%.
Então, previna-se.
Se não quer que isso aconteça, deixe tudo registrado no seu trabalho de parto.
E não esqueça! Faça o seu plano de parto em 3 vias, protocole uma na internação, entregue uma para o médico e deixe a outra com o acompanhante ou com a doula.
Se você ainda está elaborando o seu plano de parto, salve este post para não esquecer!
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